quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Uma questão de tempo...

   Ele era menino, e isso faz com que eles o vejam com outros olhos, com outros óculos ou com outras lentes, interpretam o adulto novo como uma simples e sincera criança, uma criança que não vê, que não chora, que não luta, que não sente, uma criança que não vive. Mas um dia souberam que estavam enganados, um dia descobriram que os seus olhos, os seus óculos ou as suas lentes estavam erradas, um dia descobriram que da criança simples e sincera, da criança que não via, não chorava, não lutava, não sentia, da criança que não vivia, apenas sobravam os verbos, apenas ficou a forma de um nome mudado e crescido, de um nome “adulto”, e esse simples e sincero adulto, esse adulto que não vê, que não chora, que não luta, que não sente, esse adulto que não vive, pensa, aprendeu a pensar, e pensou que se podia pensar, existia, vivia, e se pensava e existia, se tenha cérebro também tinha coração e portanto sentia, o coração mostrou-lhe os braços e a alma, e com braços e com alma ele podia lutar, ele lutava, e com as lutas vieram as perdas e com as perdas vieram as lágrimas e o adulto chorava, e durante o choro viu a sua vida, os seus olhos novos cheios de lágrimas viram um mundo seu onde ele era um simples e sincero adulto, que via, que chorava, que lutava, que sentia, onde ele era um adulto que vivia.

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