Escrevo estas linhas como
um presente para ti, mãe. Não por ser o teu aniversário porque ainda não lá
chegamos, nem por ser natal que ainda está longe. Escrevo para celebrar mais um
dia a pensar em ti, como todos os dias, presenteio-te com este texto por motivo
nenhum e esse é o melhor motivo que se pode ter, como me ensinaste quando
trazias uma bola de Berlim que sabias ser a minha favorita só para veres o
brilho nos meus olhos enquanto comia. Muitos foram os presentes que me deste
fora dessas ocasiões especiais que as pessoas apregoam. Lembro-me dos livros
que te pedia da biblioteca e, mesmo sem tempo por causa do trabalho, arranjavas
forma de os trazer porque eu adorava ler, lembro-me dos brinquedos que, sem
aviso nem pedido, trazias para eu juntar à minha vasta e divertida coleção,
lembro-me dos jantares em que, mesmo cansada de uma semana dura, fazias o
bacalhau à Brás que eu adorava ou a carne estufada com batatas e arroz que
nunca me cansava de comer, lembro-me das brincadeiras e dos carinhos que
marcavam o serão da nossa casa e eram o melhor presente que eu podia receber. E
hoje, com estas palavras, tento compensar aquilo que não fiz enquanto podia:
presentear-te pela mãe que eras, pelos presentes que me davas, pelo esforço e
dedicação que punhas em cada detalhe que preenchia a minha vida, pela infância
magnífica que me deste, por tudo aquilo que eras e que um dia também ambiciono
ser. Agora, depois de teres partido, não posso presentear-te pelo que eras mas
uso estas palavras para te presentear pela marca que deixaste, pela saudade que
fazes ter, pelos ensinamentos que nos deste a mim e à Tocas (é o que eu chamo à
Rita quando estamos simpáticos um com o outro, que agora é mais vezes, como tu
sempre pedias!), presenteio-te pela força que, mesmo não estando aqui, me dás
para encarar o futuro com o sorriso que me ensinaste a ter. Espero que, estejas
onde estiveres, este presente chegue até ti e sintas o amor e o orgulho que,
antes agora e sempre, sinto em ser teu filho.
sábado, 19 de setembro de 2015
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Uma carta perdida...
Juliana,
É difícil estar longe de ti. Tens uma espécie de íman apaixonado
e o meu coração é puxado para onde estás levando os meus pensamentos, a minha
vontade, a minha escrita. O teu sorriso aspira a minha felicidade e concentra-a
na timidez do teu riso em público e nos risos descontrolados em recorrentes
ataques de cócegas. Mas aqui, sozinho com este caderno com demasiados riscos,
não te tenho, não tenho o calor do teu abraço, não tenho o sabor dos teus
lábios e tudo fica mais triste, tudo fica mais apagado. A luz que ilumina as
palavras que agora escrevo é tímida e infeliz por, tal como eu, não te ter a
guiar o caminho e a aquecer o ambiente como o chocolate quente que tanto gostas
de preparar para nós.
Saudades. Foi por isso que comecei a escrever esta
carta, para te enviar com ela um pouco da necessidade de te ver, de te tocar e
de te sentir, enviar-te o amor que me preenche e me corrói por estares longe,
enviar-te em cada letra deste texto um desejo enorme de estar ao pé de ti e
trocar sorrisos marotos contigo enquanto vemos na televisão um programa
repetido.
É frustrante ter que passar tanto tempo sem as
corridas no parque da cidade, sem a cantoria em animadas viagens de carro, sem
o sorriso incondicionalmente gigante. É revoltante estar longe dos teus mimos e
da tua felicidade quando me abraças com a força do mundo que somos um para o
outro. É aborrecido não ter serões de séries com pipocas que carinhosamente insistes
em preparar e não ter aquelas horinhas de sono contigo que valem por uma noite inteira.
Mas aquilo de que mais preciso, mais do que de todos os pequenos pormenores tão
especiais e tão nossos, és tu, a tua presença, o teu amor, o teu cheiro, o
toque e a tua felicidade que é a minha. Preciso do teu acordar sonolento,
preciso da tua energia às duas da manhã e da tua cantoria que anima qualquer
dia triste.
Princesa, despeço-me desta carta com um pedido maior
do que tudo neste universo: sorri, sê feliz ao leres estas palavras que
apaixonadamente te escrevo, pensa em mim com um sorriso nos lábios porque
assim, mesmo estando tão longe, serei contagiado por essas feliz felicidade.
Amo-te e amarei sempre!
Um beijo especial,
Rui
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Saudades, saudades...
Hoje
dei por mim a olhar fixamente para a tua fotografia em cima da estante da sala,
aquela que pedimos para fazer quando partiste para, fisicamente, nunca nos
esquecermos de ti. Olhava para ela enquanto pensava em ti e da mesma forma que
os meus olhos não conseguiam sair da tua imagem também o meu cérebro não
conseguia descolar da tua lembrança, da tua memória, não conseguia pensar
noutra coisa a não ser em ti e na falta que fazes porque 2 anos e 10 dias
depois fazes mais falta do que nunca. Fazes falta ao jantar por não falarmos do
teu trabalho e por não fazeres perguntas sobre a escola com um interesse tão
genuíno que enche o coração. Fazes falta quando trago a minha namorada cá por
não te poder mostrar o quão feliz ela me faz e, sobretudo, o quão feliz eu a
faço graças a tudo o que me ensinaste. Fazes falta nas festas com a família por
não termos a tua alegria contagiante em todos os momentos e ocasiões. Fazes
falta quando chego da universidade e não tenho um interrogatório completo de
tudo o que aconteceu naquela semana como sei teria quando chegasses do
trabalho, por mais cansativo que este fosse. Fazes falta nesta casa por não
haver as reprimendas que nos faziam arrumar, aos poucos, a casa: “Rui Pedro, as
sapatilhas.”, “Rita Sofia, a mochila não é para ficar no sofá.”. Fazes falta
nas noites de fim-de-semana por não haver lutas com cócegas e almofadas
enquanto a televisão transmite programas sem interesse e a lareira enche a sala
de luz e calor. Hoje dei por mim a olhar fixamente para a tua fotografia em
cima da estante da sala e senti saudades de falar contigo, de contar como foi o
meu dia e rir de uma piada que li na internet, senti saudades de cantar contigo
a música que passa na rádio enquanto conduzes para qualquer lado, senti
saudades de ouvir “Rui Pedro, larga o computador.” e senti saudades do teu
sorriso que todos os dias aparecia para iluminar a minha vida, e hoje, estejas
onde estiveres, esse sorriso chega até mim, pela fotografia, pelas lembranças,
pelas memórias e sorrio também porque, como sempre dizias, era assim que
gostavas de me ver.
Subscrever:
Mensagens (Atom)