O paraíso era já ali,
Eu corria e o paraíso era já ali,
Corria mas o paraíso tornava-se numa miragem
Longínqua, inatingível, inexistente.
E parei, derrotado e cansado
De correr contra uma corrente,
De tentar mudar um mundo sem cura
E de curar um Homem sem mudança.
E morri, acho que acabei por morrer
Quando percebi que não valia a pena,
Que lutar era inútil, sofrer desnecessário
E vencer impossível.
E agora aqui estou, agarrado
A uma realidade de letras e versos,
Preso numa felicidade que não me pertence
Num inferno que não escrevi.
Não há diabo nem chamas a castigar
Aqueles que, como eu, desistiram de lutar
De sofrer, ali havia uma paz pintada de vermelho
E um ódio em forma de porta para onde corri.
E o paraíso era já ali,
Eu corria e o paraíso era já ali,
Corria mas o paraíso tornava-se numa miragem
Longínqua, inatingível, inexistente.