segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rabiscos filosóficos...


   Um anjo sem asas apareceu naquele simples quarto e desligou o despertador incansável e deixou a morte para depois, deixou a dor e os lamentos para outra hora. E esse anjo saiu, voou para longe daquele simples quarto agora abandonado pela luz e pelo som, voou para onde a morte não chega negra e má, e deixou o simples quarto arrumado e escuro, ainda com vida, com aquela vida especial.
   Entretanto a morte chegou ao simples quarto e ocupou o lugar vazia da luz e o espaço deixado pela ausência do som, a morte que fez o anjo voar, a morte que tirou a vida do arrumado e escuro quarto, a morte que pegou na vida, naquela vida especial, e a consumiu, a devorou, a tornou em morte.
   E hoje, o velho anjo que não voa, volta ao quarto da morte, constata a presença do seu eterno inimigo no lugar da luz, no espaço do som, e já sem forças e sem coragem, entrega-se à morte para reaver a luz e o som daquele quarto, entrega-se ao inimigo para esquecer para sempre a eterna guerra sem fogo que travou.
   E hoje a morte iluminou-se, sofreu o milagre normal da luz, as suas trevas clarearam e tornaram-se brancas e com vida, toda a morte morreu e originou vida, a vida de um anjo pobre de coragem, hoje, a morte transformou-se em vida…

“Há coisas que só um anjo pode mudar” Rui Mesquita”
“Mais que energia, produz vida” EDP

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