sábado, 5 de março de 2011

Apenas uma língua...


   Correr, saltar, beber, jogar, cair, viver. Os verbos perderam o sentido, não posso agir e por isso os verbos perderam o sentido, o “r” que finaliza um infinitivo está agora concentrado numa só palavra muda, num só sentimento guardado, num só gesto parado, num só “amor”, neste solitário e nosso “amor”.
   Sol, terra, chão, céu, casa, rua. Os nomes não existem, não os chamo nem os tenho e por isso os nomes não existem, os determinantes estão focados numa só palavra, num só ser, em ti, no teu nome que me enche o coração e a alma, que me ocupa a mente e o corpo.
   Bonito, alto, corajoso, alegre, divertido, feliz. Os adjetivos abandonaram as frases e descrições, não me interessa descrever o que não sinto nem tenho e por isso os adjetivos abandonaram as frases e descrições, e todo o belo valor qualificativo desses adjetivos está agora numa só frase, a definir uma só entidade, a qualificar-te de “perfeita”.
   E uma língua não passa de um caminho limitado para expressar tudo quanto sentimos, uma língua não é mais que puras relações de amor, dado por essa língua, sentido por dois corações.

   "Amar-te é ultrapassar os limites da comunicação, tal como a tua perfeição ultrapassa todo o meu coração" Rui Mesquita

2 comentários:

  1. Sempre a surpreender, sempre digno de reconhecimento!

    Acho que te vou citar no Facebook (para já, é o máximo que consigo fazer... Quando tiver a tese pronta, cito-te num livro a sério!) :)

    Abraço,
    Dogas

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