quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

António Vieira e o nosso moderno século XXI


António Vieira, um nome demasiado crítico para um homem de Deus, um nome demasiado atual para um longínquo século XVII, um nome odiado pelos seus conterrâneos e pelos meus, talvez por serem iguais, talvez por serem ambos o alvo preferido das palavras ora antigas ora atuais deste padre que poderia ser, hoje, chefe de um partido da oposição ou, quem sabe, um defensor reconhecido dos direitos Humanos.
Mas o que mantém esta crítica do sermão aos peixes tão atual? Talvez seja a falta de evolução na forma de pecar do Homem. Se antigamente a ganância e o egoísmo eram abundantes, hoje ainda são mais, os homens que antigamente se comiam uns aos outros, hoje fazem-no com mais requinte e etiqueta mas não deixam de o fazer. Mas a falta de imaginação humana não se fica por aqui. Todas as críticas feitas aos peixes e, portanto, aos homens desse antigo século XVII podem ser encontradas num particular grupo da nossa sociedade, quatro séculos mais tarde: a arrogância e a coragem, que pode facilmente ser confundida com estupidez, dos pequenos roncadores parece ter inspirado as ideias dos sindicalistas atuais que, sem poderes, criticam e chamam a atenção dos grandes tubarões; a dependência e o oportunismo dos pegadores do mar é a imagem de marca dos jornalistas de hoje, que fazem carreira “empoleirando-se” nos famosos que destroem e dos quais se alimentam para viver. Tal como aqueles peixes oportunistas, também os homens e jornalistas morrem quando o gigante de que se alimentam morre; a desmedida ambição dos peixes voadores, presente na maioria dos empresários e homens de negócios do século XXI que, inconsequentemente, voam pelo ar e nadam pelo oceano, desafiando os perigos dos dois elementos que, mais tarde ou mais cedo, o acabam por matar; e, por fim, a traição e o engano do polvo com que os políticos atuais sobem ao poder, ludibriando o povo eleitor com traições e mentiras pecadoras.
Portanto, um António Vieira atual só teria que copiar as críticas do seu antecessor e acrescentar a evidente falta de imaginação para pecar.

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