quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Biologia criativa!


Agora apercebo-me que a Biologia que aprendemos na escola é engraçada. Imagino os nossos códigos genéticos a encaixarem-se quase totalmente porque, afinal, não somos assim tão diferentes, distancia-nos apenas um cromossoma no último par e alguns atrevidos nucleótidos da cor do cabelo ou do tamanho do corpo. Imagino o nosso ancestral comum orgulhoso de ter dado origem a uma espécie repleta deste amor só nosso e que nos caracteriza. Imagino os nossos ciclos de vida, a caminharem por mitoses sucessivas num sentido único e com um destino comum, como duas estruturas análogas, totalmente diferentes mas a caminharem para o mesmo fim, para o mesmo objectivo vital. Imagino a selecção natural do meu coração, o meu músculo apaixonado, como se fosse o meio ambiente do meu Darwinismo original, a eliminar, um a um, todos os inadaptados ao vermelho bombeado para todo o lado, a eliminar cada sentimento inapropriado ou sem sentido, deixando-nos apenas a nós, ao nosso amor solitariamente perfeito, ao nosso sentimento simples e imenso, à nossa paixão eterna e bonita. Imagino as nossas veias cavas a trocarem mensagens escritas falando das escassas novidades de um dia longo de trabalho e, quem sabe, a combinarem uma ida ao cinema ou um passeio calmo pelo seu mundo circulatório. Imagino o alívio dos nossos corpos ao serem colocados no mesmo reino, ao serem colocados na mesma espécie e população, o brilho dos meus olhos por, com esta classificação prática, poderem ver-te diariamente e orgulharem-se da beleza que carregas. Imagino um par de glóbulos vermelhos, um meu, um teu, a percorrerem alegremente o seu eterno e complicado caminho, cansados mas determinados a continuar por estarem unidos. Depois de imaginar tudo isto esqueço a Biologia que damos na escola e sei, sei que acima daquilo que esta ciência explica estamos nós, felizes, apaixonados, juntos.

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