Há
uma árvore no caminho, uma árvore antiga e sem flores nem frutos. É uma árvore
alta e com ramos longos, despidos de folhas. Não paro, olho apenas com um
sorriso invernal a coragem de um pássaro a cortar o vento gelado e sigo o caminho
onde há uma árvore alta. O horizonte é desanimador, o frio do Sol torna as
montanhas longínquas mais inalcançáveis, mais montanhosas. Parei, cansado, com
lágrimas nos olhos e com uma brisa de saudade nos lábios, parei sem olhar o
mundo que me cerca sem medo do vento e do frio. Não, não posso ficar parado
nesta rocha deste caminho infinito neste horizonte só meu, só triste, só
cansado. Agora não há árvores, a neve que cai assenta com subtileza na relva
que cansa os meus pés e bloqueia a minha vontade de vencer aquelas montanhas do
horizonte. Não consigo, hoje o choro dos meus olhos não me deixa correr,
não me deixa batalhar contra este caminho, hoje não dá e amanhã é tarde de mais
para conseguir vencer, é demasiado tarde para chegar ao fim, amanhã é demasiado
tarde para chegar ao cume e voltar a respirar aquele ar alegre de ser feliz.
Ajuda-me, dá-me o teu espírito, a tua alma. Sim, tu! Mostra-me aquele sorriso
de força e coragem para calcar esta relva e chegar ao outro lado deste mundo
triste e desgastante. Abraça-me com toda a tua força para não cair nas
esporádicas rochas carregadas com um cinzento demolidor e, ao mesmo tempo,
débil, chora comigo enquanto deixamos para trás aquela árvore ali à frente,
caminha comigo, ao meu lado, como se passeássemos pelo parque numa tarde de
domingo. Sê, nesta viagem interminável, o outro lado da montanha que preciso de
ultrapassar, sê a minha glória, a minha fé, a minha vontade, sê a parte do meu
sorriso perdido naquela cordilheira, sê a metade de mim que procuro para limpar
as minhas lágrimas, sê eu sendo tu. Ajuda-me. Abraça-me. Protege-me ao longo
deste caminho só meu e, por isso, só nosso. Sim, tu! Ama-me... Sê o brilho dos meus olhos e a beleza do meu sorriso porque, contigo, o fim deste caminho triste é já ali...
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