Era
uma vez um rei… Não não não não não.
Sim, era uma vez um rei! Deixa-me
adivinhar: vivia num castelo, com uma rainha, num reino encantado. Sim.
Não é uma boa história? Oh, histórias
de fantasias, que terminam com um gasto “e viveram felizes para sempre”, já não
são boas histórias. Mas esta é diferente, a sério. Não acaba com um final feliz? Não! Ouve: era uma vez um rei
que vivia num castelo, com uma rainha bonita, num reino encantado. O rei era
feliz, não tinha súbditos nem criados, não tinha jóias nem vestes exuberantes,
mas era feliz por ter, no seu reino, ao seu lado, a rainha mais bonita do
mundo. Na coroa de papel, os olhos do rei brilhavam quando a sua rainha cuidava
dos principezinhos como quem cuida de uma rosa branca, pura, verdadeira e apaixonante.
Agora vem um contratempo a esse amor
incondicional, não é? O que se passou com o rei? Uma viagem. O rei
apaixonado foi viajar por reinos longínquos e por sítios distantes. Os corações
dos reis daquele pacato reino estavam longe, separados por montanhas, mares,
desertos e enormes cubos de gelo, estavam impossibilitados de se tocarem e
criarem sorrisos falantes que preenchem o silêncio com a magia daquele amor(-)perfeito
nascido num pequeno jardim. Mas em cada noite desse tempo, e mesmo nas noites encobertas
por nuvens de saudades, esses corações, marcados por tardes deliciosas de sol
primaveril, olhavam a mesma estrela e faziam, a cada segundo, mil e uma
promessas sinceras daquele amor carregado de memórias. Nesse momento, quando o
brilho dos quatro olhos emocionados se uniam no brilho próprio da estrela
eterna, os reis sabiam que o mundo não era suficientemente grande para separar
aquele amor real e perfeito. Mas e
depois? O que aconteceu com o rei e a rainha? O rei voltou, com um
sorriso estrelar, e o abraço do reencontro foi mais belo e amoroso que os
reencontros dos filmes, por ser sincero, sentido e desejado. E hoje, hoje
mesmo, na mesa do pequeno-almoço, entre torradas e chávenas de café com leite,
o rei repetiu aquilo que, em cada noite, debaixo das estrelas, segredou à sua
amada rainha: o mais sincero “amo-te” que jamais foi sentido. Mas isso é um final feliz, tu disseste
que não acabava com um desses… E não acaba! É feliz sim, mas não é, de
todo, um final.
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