domingo, 18 de novembro de 2012

Era uma vez um rei.



Era uma vez um rei… Não não não não não. Sim, era uma vez um rei! Deixa-me adivinhar: vivia num castelo, com uma rainha, num reino encantado. Sim. Não é uma boa história? Oh, histórias de fantasias, que terminam com um gasto “e viveram felizes para sempre”, já não são boas histórias. Mas esta é diferente, a sério. Não acaba com um final feliz? Não! Ouve: era uma vez um rei que vivia num castelo, com uma rainha bonita, num reino encantado. O rei era feliz, não tinha súbditos nem criados, não tinha jóias nem vestes exuberantes, mas era feliz por ter, no seu reino, ao seu lado, a rainha mais bonita do mundo. Na coroa de papel, os olhos do rei brilhavam quando a sua rainha cuidava dos principezinhos como quem cuida de uma rosa branca, pura, verdadeira e apaixonante. Agora vem um contratempo a esse amor incondicional, não é? O que se passou com o rei? Uma viagem. O rei apaixonado foi viajar por reinos longínquos e por sítios distantes. Os corações dos reis daquele pacato reino estavam longe, separados por montanhas, mares, desertos e enormes cubos de gelo, estavam impossibilitados de se tocarem e criarem sorrisos falantes que preenchem o silêncio com a magia daquele amor(-)perfeito nascido num pequeno jardim. Mas em cada noite desse tempo, e mesmo nas noites encobertas por nuvens de saudades, esses corações, marcados por tardes deliciosas de sol primaveril, olhavam a mesma estrela e faziam, a cada segundo, mil e uma promessas sinceras daquele amor carregado de memórias. Nesse momento, quando o brilho dos quatro olhos emocionados se uniam no brilho próprio da estrela eterna, os reis sabiam que o mundo não era suficientemente grande para separar aquele amor real e perfeito. Mas e depois? O que aconteceu com o rei e a rainha? O rei voltou, com um sorriso estrelar, e o abraço do reencontro foi mais belo e amoroso que os reencontros dos filmes, por ser sincero, sentido e desejado. E hoje, hoje mesmo, na mesa do pequeno-almoço, entre torradas e chávenas de café com leite, o rei repetiu aquilo que, em cada noite, debaixo das estrelas, segredou à sua amada rainha: o mais sincero “amo-te” que jamais foi sentido. Mas isso é um final feliz, tu disseste que não acabava com um desses… E não acaba! É feliz sim, mas não é, de todo, um final.

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