segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Houve um dia em que o Benfica perdeu.


  Houve um dia em que o Benfica perdeu, sem polémicas nem erros de arbitragem, simplesmente perdeu. Nessa noite fria de domingo fiquei chateado e não me apetecia pensar em mais nada a não ser naquela bola na trave que, pelo menos, empataria o jogo. “Amor, de que cor pinto as unhas?”, a simplicidade da pergunta fez-me sorrir como quando tinha 17 anos e lhe mandava sms’s apaixonadas a desejar boa noite. “Não sei, talvez verde...”, respondi como se quisesse que aqueles 90 minutos de sofrimento não tivessem existido e voltar àquele dia em que lhe pedi um abraço só para ver o seu sorriso sincero e belo ao dizer “claro que dou”. “Verde será!”, apercebi-me, espantosamente, que continuo a sentir o mesmo cada vez que ouço a voz dela, desde o primeiro “bom dia” numa manhã primaveril até hoje, que sinto aquela falta de ar e borboletas no estômago de quem está genuinamente apaixonado e sente cada síliba como um beijo inesperado e inspirador. “Hoje não quero ver a novela.”, foi aí que acordei para o castanho reconfortante dos seus olhos bonitos e esqueci, por momentos, o futebol. “Hoje quero conversar, como nos bons velhos tempos.”, como naquelas vezes em que deixávamos para trás a hora apropriada para ir dormir e ficávamos a teclar olhares cúmplices e sonhadores e a sorrir para um ecrã inanimado. “Tu estás triste e eu quero conversar.”, não pude deixar de abrir um sorriso àquela preocupação espelhada num par de olhos muito abertos e ternurentos, não pude deixar de encostar a sua cara quente no meu peito enquanto, naquele silêncio aconchegante nessa noite fria de domingo, a minha alma era feliz com aquela desconcertante bola na trave.

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