quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Nem todos os dias são bons dias..."


No meio de cada gesto de afeto dado ao som do uníssono bater de dois corações, ela pede-lhe que ele a ame para sempre, sempre. E ele, ingénua e verdadeiramente apaixonado, promete mais do que aquilo que pode dar, promete uma eternidade perfeita e uma perfeição eterna, promete ser o que ela quiser quando ela precisar, promete promete promete… E depois de a fazer sorrir ele pede-lhe que ela nunca o abandone, nunca. E ela, ingénua e verdadeiramente apaixonada, promete tudo o que mundo tem e imagina ter, promete ser tudo o que ele precisar quando ele quiser, promete promete promete… Promessas irreais que fazem dele o super-homem que ela idealizou, o príncipe encantado que lhe enche os sonhos, e que fazem dela a mulher-maravilha das BD’s interiores dele, a rainha do seu vasto e palpitante reino. Mas, no fundo, Eles sabem que a morte nunca perde e que ela leva sempre a melhor sobre o amor, Eles sabem que nem o grande Shakespeare conseguiu fazer o amor vencer a morte, mas prometem, prometem sorrisos que embelezarão toda uma vida, prometem uma felicidade estonteantemente imortal, prometem ser eternos até ao fim e, na verdade, são eternamente felizes por serem aquilo que sempre serão, apaixonados.

2 comentários:

  1. Rui,
    Antes de mais, um pouco de superficialidades (ou manias de ex-professor que guarda aquela nostalgia de tempos idos e que por dentro se rói de não poder voltar a repeti-los…). Detetei três errozitos ortográficos, fruto da tua distração:

    “… que ele a ame…”
    “… ingénua…”
    “… Shakespeare…”

    Quanto ao texto em si, é mais uma bonita meditação tua sobre como és o amor e vives o amor sobre o qual orgulhosamente e desinibidamente gostas de escrever e partilhar. Percebe-se que estás (ainda) longe dos preciosismos de tornar o teu texto mais de quem o lê, do que propriamente teu, ou seja, tão fortemente intimista. Mas isso é o menos importante aqui; é sobre amor e sobre a coragem de escreveres sobre ele de que neste texto se fala. No entanto, o uso da terceira pessoa para falares das personagens cria um efeito de distanciamento que, a meu ver, resultou muito bem: confere o tal sentido estético ao texto, nota-se que procuras criar uma ambiência particular muito própria.

    Porém, na minha muito “parva” e pouco profissional opinião, devias tentar ser tu a controlar mais as palavras e não o contrário. É como se o texto inspirasse fundo, mas fosse obrigado por ti a despejar todo o ar cá para fora muito antes do que estava previsto, não deixando que o próprio texto se sinta bem.

    Sim, porque, a meu ver, há algo que não está “bem” no início do texto: sim, o “ele” e a “ela” (“personagem”-que-dispensa-qualquer-apresentação…) reconhecem o amor que sentem um pelo outro, mas há alguma ansiedade, um certo efeito perturbador que nem as promessas entre os dois (e a omissão das vírgulas resultou muito bem, gostei mesmo) parecem ser suficientes para atenuar esse sismo interior, essa vertigem a dois. Tu crias um impasse inicial, mas de repente TAU! eis o “happy-ending” ali logo no fim, o tal despejo de ar forçado de que falei há pouco.

    Devias ter deixado o texto crescer um pouco, fermentar aquele impasse, deixar o texto fluir um pouco mais naturalmente, com leveza, dando tempo ao próprio texto para se habituar a si. Não sei, isto sou eu e as minhas especulações…

    Seja como for, Rui, podes sempre regressar aqui, recriar algumas passagens, engrandecê-las, enriquecê-las. Depois poderias inclusive publicá-lo no jornal (sim, a tua professora de Português também é paga para isso… eu, sendo o texto teu, fá-lo-ia até de graça :) )

    Últimas palavras, ao som de “Torch” da Alanis e agora de "Let down", dos Radiohead: parabéns.

    Parabéns, meu irmão. Sempre assim, Rui, continua sempre e assim.

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