quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Saudades, saudades...



Hoje dei por mim a olhar fixamente para a tua fotografia em cima da estante da sala, aquela que pedimos para fazer quando partiste para, fisicamente, nunca nos esquecermos de ti. Olhava para ela enquanto pensava em ti e da mesma forma que os meus olhos não conseguiam sair da tua imagem também o meu cérebro não conseguia descolar da tua lembrança, da tua memória, não conseguia pensar noutra coisa a não ser em ti e na falta que fazes porque 2 anos e 10 dias depois fazes mais falta do que nunca. Fazes falta ao jantar por não falarmos do teu trabalho e por não fazeres perguntas sobre a escola com um interesse tão genuíno que enche o coração. Fazes falta quando trago a minha namorada cá por não te poder mostrar o quão feliz ela me faz e, sobretudo, o quão feliz eu a faço graças a tudo o que me ensinaste. Fazes falta nas festas com a família por não termos a tua alegria contagiante em todos os momentos e ocasiões. Fazes falta quando chego da universidade e não tenho um interrogatório completo de tudo o que aconteceu naquela semana como sei teria quando chegasses do trabalho, por mais cansativo que este fosse. Fazes falta nesta casa por não haver as reprimendas que nos faziam arrumar, aos poucos, a casa: “Rui Pedro, as sapatilhas.”, “Rita Sofia, a mochila não é para ficar no sofá.”. Fazes falta nas noites de fim-de-semana por não haver lutas com cócegas e almofadas enquanto a televisão transmite programas sem interesse e a lareira enche a sala de luz e calor. Hoje dei por mim a olhar fixamente para a tua fotografia em cima da estante da sala e senti saudades de falar contigo, de contar como foi o meu dia e rir de uma piada que li na internet, senti saudades de cantar contigo a música que passa na rádio enquanto conduzes para qualquer lado, senti saudades de ouvir “Rui Pedro, larga o computador.” e senti saudades do teu sorriso que todos os dias aparecia para iluminar a minha vida, e hoje, estejas onde estiveres, esse sorriso chega até mim, pela fotografia, pelas lembranças, pelas memórias e sorrio também porque, como sempre dizias, era assim que gostavas de me ver.