segunda-feira, 7 de julho de 2014

Um rei e uma Rainha...



 “Obrigado” é a palavra mais bonita do mundo. Dizer “obrigado” é das melhores sensações do mundo, ter alguém a fazer por nós tanto que chega a merecer tamanha honra de ouvir um “obrigado” é ter um tesouro inesgotável.

O rei, sentado confortável no comboio, leu estas palavras no seu passeio pela internet e, ao meditar sobre elas, lembrou-se da sua Rainha que, no castelo, o esperava com as novidades de um tempo interminável, lembrou-se, o rei, daquelas tardes solarengas de adolescência onde… aquela senhora não pode estar de pé. Depois de ceder o seu lugar a uma senhora sorridentemente humilde, o rei embrenhou-se de novo nos fios sedutores do cabelo da sua Rainha, carregada de saudades que já nessa adolescência apaixonada e requintada em detalhes únicos e secretos eram… próxima paragem: castelo real. É a voz da senhora do comboio que alerta o rei sonhador para a saída, para a chegada.
Há um abraço, à entrada do castelo, a Rainha pára as suas coisas para abraçar o seu rei com a força de quem ama, e eu, como narrador omnisciente que sou, sei que muitos mais abraços acontecerão, quando forem apenas os dois, rei e Rainha, lado a lado, no centro do mundo, como no xadrez. Depois desse abraço sem fim, o rei sorriu, sorriu com todas as memórias que unem o passado e o presente. Foi também com um sorriso nos seus lábios apaixonantes que a Rainha ouviu a pergunta do rei: “Lembras-te do amor incansável dos nossos abraços quando éramos jovens?”… pai pai, já consigo marcar golos aos meninos grandes da minha escola. Depois de ver e aplaudir os novos remates do principezinho no jardim do castelo, o rei não se esqueceu de terminar o que tinha que dizer: “Esse amor é tão nosso, tão presente, tão eterno.”… pai pai, anda ouvir aquela música difícil que agora já consigo tocar no piano. No fim da bela e aplaudida peça musical da princesinha, o rei deu uma carta das suas saudades à bela Rainha, esta carta:

Olá querida Rainha,
Escrevo esta carta debaixo de uma chuva amena que me faz lembrar as tuas mãos, por cair como elas suavemente no meu corpo e me aquecer sem pedido. Aqui, longe de ti, não tenho um sorriso inspirador para acordar bem-disposto e por isso fico mais rabugento do que quando o Benfica perde. Fazes-me falta nesse acordar com um sorridente “bom dia” que anima todo o meu corpo. Diz-me, amor, como estão as coisas? O principezinho já consegue marcar golos aos meninos grandes da escola? E a princesinha  já consegue tocar aquela peça de piano difícil? Faz-me falta a correria das nossas crianças pelo castelo a dar cor à nossa já colorida vida.
Tu fazes-me falta, cada palavra que me dizes, cada gesto das tuas mãos, cada detalhe do teu corpo, tudo isso me faz falta. Faz-me falta beijar-te e ter-te no meu colo, faz-me falta fazer-te sorrir e sorrir por causa disso. Aqui, longe de ti, faz-me falta desarranjares-me o meu cabelo daquela forma que só tu sabes fazer, faz-me falta o teu perfume, a tua beleza.
Voltarei em breve meu amor, para te abraçar como mereces, por seres, como sempre foste, a mulher da minha vida.
Um beijo demorado e cheio de amor.
Amo-te.
O teu rei apaixonado.

O rei segurou carinhosamente as pequenas lágrimas que os olhos apaixonantes da Rainha não conseguiram conter, e só acrescentou uma palavra a tudo o que sentia na carta: “obrigado”. Mas sobre tudo o que este obrigado contém em si falarei noutro capítulo, noutra altura porque agora, na minha condição de narrador omnisciente, vou apreciar e deliciar-me com este amor real que parece não ter limites.