“Obrigado”
é a palavra mais bonita do mundo. Dizer “obrigado” é das melhores sensações do
mundo, ter alguém a fazer por nós tanto que chega a merecer tamanha honra de
ouvir um “obrigado” é ter um tesouro inesgotável.
O rei, sentado confortável no comboio,
leu estas palavras no seu passeio pela internet e, ao meditar sobre elas,
lembrou-se da sua Rainha que, no castelo, o esperava com as novidades de um
tempo interminável, lembrou-se, o rei, daquelas tardes solarengas de
adolescência onde… aquela senhora não
pode estar de pé. Depois de ceder o seu lugar a uma senhora sorridentemente
humilde, o rei embrenhou-se de novo nos fios sedutores do cabelo da sua Rainha,
carregada de saudades que já nessa adolescência apaixonada e requintada em
detalhes únicos e secretos eram… próxima
paragem: castelo real. É a voz da senhora do comboio que alerta o rei
sonhador para a saída, para a chegada.
Há um abraço, à entrada do castelo, a
Rainha pára as suas coisas para abraçar o seu rei com a força de quem ama, e
eu, como narrador omnisciente que sou, sei que muitos mais abraços acontecerão,
quando forem apenas os dois, rei e Rainha, lado a lado, no centro do mundo,
como no xadrez. Depois desse abraço sem fim, o rei sorriu, sorriu com todas as
memórias que unem o passado e o presente. Foi também com um sorriso nos seus
lábios apaixonantes que a Rainha ouviu a pergunta do rei: “Lembras-te do amor
incansável dos nossos abraços quando éramos jovens?”… pai pai, já consigo marcar golos aos meninos grandes da minha escola. Depois
de ver e aplaudir os novos remates do principezinho no jardim do castelo, o rei
não se esqueceu de terminar o que tinha que dizer: “Esse amor é tão nosso, tão
presente, tão eterno.”… pai pai, anda
ouvir aquela música difícil que agora já consigo tocar no piano. No fim da
bela e aplaudida peça musical da princesinha, o rei deu uma carta das suas
saudades à bela Rainha, esta carta:
Olá
querida Rainha,
Escrevo
esta carta debaixo de uma chuva amena que me faz lembrar as tuas mãos, por cair
como elas suavemente no meu corpo e me aquecer sem pedido. Aqui, longe de ti,
não tenho um sorriso inspirador para acordar bem-disposto e por isso fico mais
rabugento do que quando o Benfica perde. Fazes-me falta nesse acordar com um
sorridente “bom dia” que anima todo o meu corpo. Diz-me, amor, como estão as
coisas? O principezinho já consegue marcar golos aos meninos grandes da escola?
E a princesinha já consegue tocar aquela
peça de piano difícil? Faz-me falta a correria das nossas crianças pelo castelo
a dar cor à nossa já colorida vida.
Tu
fazes-me falta, cada palavra que me dizes, cada gesto das tuas mãos, cada
detalhe do teu corpo, tudo isso me faz falta. Faz-me falta beijar-te e ter-te
no meu colo, faz-me falta fazer-te sorrir e sorrir por causa disso. Aqui, longe
de ti, faz-me falta desarranjares-me o meu cabelo daquela forma que só tu sabes
fazer, faz-me falta o teu perfume, a tua beleza.
Voltarei
em breve meu amor, para te abraçar como mereces, por seres, como sempre foste,
a mulher da minha vida.
Um
beijo demorado e cheio de amor.
Amo-te.
O
teu rei apaixonado.
O rei segurou carinhosamente as pequenas
lágrimas que os olhos apaixonantes da Rainha não conseguiram conter, e só
acrescentou uma palavra a tudo o que sentia na carta: “obrigado”. Mas sobre
tudo o que este obrigado contém em si falarei noutro capítulo, noutra altura
porque agora, na minha condição de narrador omnisciente, vou apreciar e
deliciar-me com este amor real que parece não ter limites.