quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Era uma vez um Natal...


Os miúdos correm pela casa como se quisessem combater o frio que embeleza o exterior das janelas embaciadas pelo cheiro natalício das rabanadas ou do bacalhau já pronto a ser servido entre gargalhadas e aqueles presentes que durante um ano inteiro todos sonharam ter. Depois de uma fatia pão-de-ló com queijo vi nos teus olhos aquele brilho que me apaixonou num dia quente de primavera e, já nessa longínqua e acolhedora estação, me fez saber que a mulher da minha vida tinha cabelos castanhos e orelhas fantasticamente bonitas, fez-me sentir orgulhoso de ser o príncipe mais feliz de todos os principados neste dezembro friorento. A lareira crepitava calmamente como o teu sorriso quando elogiei o jantar e amarrei o nosso menino mais novo para lhe fazer a pergunta mais simples do planeta: “a mãe é bonita não é?”, deixei-o continuar a correr depois de, muito sério, abanar freneticamente a cabeça com um sim sincero e fofo que também a mim me fez sorrir.
No momento alto da noite, naquele momento em que o vermelho do Pai Natal traz a felicidade ao mundo das crianças e à vida dos adultos, quando os nossos filhos soltaram um “uau” em coro e se gabaram entre si daquilo que receberam, os teus olhos embateram no castanho dos meus com um orgulho embebecido de quem tem um mundo inteiro a abrir presentes e a sorrir com o frio aconchegante de mais um Natal perfeito.