Tenho
medo, naqueles momentos em que sorris descontraidamente por qualquer tolice
minha e me afagas o cabelo e me chamas “meu tontinho” tenho medo que um
meteorito caia naquele cenário apaixonadamente perfeito, medo que extraterrestres
ou economistas acabem com o nosso planeta necessário a um amor consumado na
terra que a Terra tem, medo de perder um segundo desse sorriso iluminado por
holofotes atenciosos e sedutores. E até naqueles momentos protetores e melancólicos
em que te tenho nos braços e parece que tudo ao nosso redor resume-se àquele
beijo demorado e saboroso, até aí eu tenho medo de ataques interplanetários e
do fim do mundo anunciado, até aí tenho medo de adormecer sem o cheiro do teu
perfume no meu corpo e perder uma vida inteira daquele friozinho na barriga de
quem ama eternamente a cada batimento de um coração pequeno para tanta fome.
Sim, também quando me olhas nos olhos e dizes que me amas tenho medo, aliás, é
aí que este medo irracional domina a minha alma viciada no teu olhar sincero e
nos teus elogios hiperbólicos e choro por dentro ao saber que um pequeno
monstro verde pode tirar-nos o chão destas declarações eternamente verdadeiras sobre
um amor insaciavelmente feliz. Perder, é esse o verbo que me faz agarrar o teu
corpo como se o amanhã não existisse. Tenho medo de perder a subtileza dos
nossos momentos, de perder aquele toque dos teus dedos no meus braços
arrepiados, tenho medo de te perder e que esses seres que a ciência não conhece
levem contigo este amor que me faz feliz em cada centímetro de um planeta (por
enquanto) só nosso.