quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hoje o meu mundo mudou.


Hoje o meu mundo mudou. Sim, continuo a chamar-me Rui e ainda tenho 16 anos. Sim, continuo a ver o azul pálido do céu e a ler os livros que lia. E sim, continuo a saber o que sabia e a pensar o que pensava. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. Eu sei, continuo a medir mais de um metro e oitenta e continuo a tentar estar metade do meu dia atento às palavras sábias e convincentes de um professor. E também sei que no próximo fim-de-semana, como até agora, vou viver a febre do futebol, sofrer e festejar. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. Até mesmo o meu vício pelo computador se mantém constante e os meus gostos musicais inalterados. O meu sorriso continua sincero e os meus olhos felizes, até as minhas mãos se mantêm frias. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. Não mudaram as expressões nem as piadas, nem mesmo as ideias geniais, não mudaram as conversas rotineiras e divertidas sem finais conclusivos nem as horas de estudo de matérias indecifráveis. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. Também sei, não engordei nem emagreci, e o meu apetite continua insaciável. Não deixei de dormir bem nem de acordar poucos minutos antes do toque do despertador. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. O meu quarto continua cheio de azul, com caixas carregadas de recordações e coisas antigas e a parede branca continua a exibir posters de craques da bola. Até mesmo o simpático lagarto de plástico continua a fazer companhia às camadas de pó que se vão acumulando e a mesa-de-cabeceira está, como sempre, coberta de livros por ler, à espera. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. Não mudou o bicho da escrita nem o gosto pelas cordas complexas da guitarra. Os meus desenhos animados de sempre continuam presentes e continuo fascinado por um super carro italiano. Continuo a gostar de números e a acreditar cegamente na ciência. E nem mesmo o meu desmesurado gosto pelo vermelho se alterou. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. A minha enorme família continua a reunir-se aos domingos para ser feliz, e os meus amigos continuam a aturar-me dia sim dia sim numa escola que nunca mudou nem há-de mudar. Continuo a espalhar uma estonteante energia matinal e a esquecer-me da maioria das datas e informações e continuo a quase ignorar o cachecol e as luvas neste inverno gelado. E, mesmo assim, o meu mundo mudou. Tudo mudou sem nada se alterar. É verdade, … … … apaixonei-me.