terça-feira, 19 de julho de 2011

(sem título)


- Não me canso de dizer-te que te amo. “Sabes que te amo?” Respondes sempre que sim, e sorris, sorris como se não houvesse amanhã e, na verdade, não há amanhã, cada beijo dos teus lábios, cada sorriso do teu rosto, cada palavra da tua boca são um eterno “agora” que nunca acabará. E é com isso que sou feliz, é com isso que vivo num imortal sorriso de amor, num inacabável sentimento de felicidade. Amo-te…
- Esse “sim” é a certeza dada pelo brilho e sinceridade do teu olhar e pela beleza inexplicável das tuas palavras que me fazem aquilo que sou, a pessoa mais feliz deste mundo. Feliz por te ter, feliz por te amar, feliz por ser amada. São os teus “amo-te” que me fazem entender a sorte de te ter sempre ao meu lado porque quando a distância me trai continuas na minha mente e no meu coração. Eu também te amo!
- E só hoje percebi a beleza do teu nome, só hoje percebi que andei todo este tempo perdido na(s) curva(s) de um “J” que sempre amei, que sempre idolatrei e que agora admiro por me dar tudo aquilo que realmente possuo, por me dar um sorriso e uma razão para lutar contra uma saudade minha tua nossa, por fazer de mim aquilo que, na verdade, sou, um homem com um coração maior que o mundo, e cheio, cheio de recordações e de momentos, de alegrias e felicidade, cheio de um amor que só tu me consegues dar. E por tudo isso, obrigado…
- Tudo o que te dou é um agradecimento por, em todos os momentos, me teres posto um sorriso. Quando estou com saudades e me dizes: “Nós vamos conseguir ultrapassar isto, juntos…”, nos momentos em que as barreiras à nossa felicidade eram demasiado altas tu disseste: “ Precisamos apenas de um pouco de paciência” e sempre que as minhas certezas se confundiram com as inseguranças tu tiveste calma e compreendeste sem me dirigires uma palavra menos sentida. Eu também tenho muito a agradecer-te…
- Esqueçamos os erros e as dúvidas, as lágrimas e as incertezas porque o que temos e construímos é bonito e até perfeito. Nós vivemos e somos uma canção que juntos cantamos no silêncio de um abraço e no amor de um beijo, somos uma história interminável que escrevemos num livro sem capa que marque o fim deste enredo apaixonante e único, somos um mundo à parte da dor, do medo e da tristeza, somos uma vida em dois corpos unidos num só, somos aquilo que queremos e precisamos de ser, somos a esperança e fé, somos tudo o que temos e partilhamos, somos o vermelho e o verde, somos humor e figuras de estilo, somos respostas e perguntas difíceis. “O que mais somos nós?”
- “O que mais somos nós?”… Somos a parte que não pertence ao tudo por ser demasiado especial, somos uma vida fixada num momento inesquecível, somos a perfeição que subsiste na ausência de uma sociedade que a destrói e de uma mente que não acredita nela, somos o amor concretizado em dois seres que encontraram o seu caminho, somos tudo o que sempre quis desde o primeiro momento … somos FELIZES.

Rui Mesquita e Juliana Silva

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O que mudou?


   Naquela tarde desértica do início de dezembro tudo tinha mudado, tudo estava diferente e nada, nada mesmo, estava como estivera. Menos a cor, a cor era a mesma, o telhado da casa continuava laranja, a cor dos meus olhos mantinha-se castanha e o inverno era, como sempre o fora, pintado pelas cores que a chuva e o frio usavam. E o cheiro, o cheiro talvez fosse o mesmo, por detrás de todas as constipações e gripes, o cheiro do pão-de-ló fresco e saboroso mantinha-se na mesa da cozinha, o perfume do meu pai teimava em inundar a casa de banho dele e a sala da televisão grande, e até o cheiro dos rissóis acabados de fritar da mim continuava preso ao seu eterno avental axadrezado. Mas o resto era diferente, o barulho mudou… Mas, os efeitos sonoros dos jogos dos meus primos eram os mesmos, os carros lá fora rugiam velozmente como antigamente, e minha irmã cantava a mesma música que sempre cantou e se calhar o barulho não mudou muito. Mudou tudo, menos a cor, o cheiro, o barulho, e menos as pessoas, as pessoas permaneciam pacientemente à espera de uma mudança que nunca haveria de chegar, a minha tia continuava a chegar com um sorriso permanente e a tagarelar horas a fio com a minha mãe que continuava a querer tudo impecavelmente arrumado e limpo, a minha insistia em trazer na sua bolsa uma piscina cheia de bons momentos e fantásticas recordações, a minha pequena irmã mantinha o seu amor pela música e massacrava alegremente os meus ouvidos atentos, tu não abandonavas o meu humilde e apaixonado coração, e por isso as pessoas não tinham mudado. E mesmo depois de tudo ter mudado, a natureza continuava calmamente gelada enquanto o meu pequeno cão abanava a cauda e soltava latidos de carinho a cada festa que lhe fazia no pêlo tentando esquecer o frio daquele inverno diferente por ser igual. Naquela tarde desértica do início de dezembro nada mudou e por isso tudo foi diferente…

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Se...


Se por cada vez que fechasse os olhos ganhasse um beijo teu, o meu mundo seria um eterno "piscar de olhos" constante. E amaria tanto a luz, e amaria tanto a escuridão, amaria sentir os olhos cansados e adormecer com um beijo teu. E quando morresse, morreria feliz por fechar os olhos.
Se por cada mentira que contasse, ganhasse um abraço nosso, eu seria um Pinóquio de carne e osso cujo nariz atravessaria os sete mares e viveria nos cinco continentes, e nem mesmo essa dificuldade em definir a minha nacionalidade ou língua oficial me deixaria infeliz pois sentiria os nossos milhões e abraços em todas as línguas e países com a mesma emoção e alegria.
Se por cada maldade que fizesse recebesse um segundo contigo, a minha vida seria um crime assombroso, eu seria procurado, condenado e até executado, mas isso valer-me-ia uma eternidade contigo, e por isso morreria feliz por saber que no outro lado, onde quer que ele fosse, iria estar contigo.
Se cada metro que o meu corpo corresse me reservasse uma memória tua, uma recordação nossa, a minha mente jamais ordenaria uma pausa, um descanso ou uma desistência, os meus pés não ficariam cansados de ver e rever todos os lugares do mundo e de sentir todas as pedras de todas as ruas do planeta, e os meus pulmões estariam contentes por, por mim, respirar sempre o mesmo ar que há na Terra e eu morreria feliz de cansaço por relembrar cada momento, cada abraço, cada palavra, cada beijo, cada sorriso, cada sentimento, por relembrar o nosso amor.
Se por cada boa ação que fizesse me concedessem um desejo, tornar-me-ia num fiel amigo de Deus e acabaria com todo o mal do mundo, para garantir que eras eternamente feliz.
Se por cada palavra que escrevesse recebesse um sorriso teu, ficaria um escritor sem tempo para editar ou publicar os seus livros, sem tempo para vivenciar experiências ou sentir emoções, apenas com tempo para escrever, escrever e escrever ainda mais. Mas mesmo sem livros publicados, mesmo sem experiências vividas ou emoções sentidas eu seria feliz com a luz permanente do teu unicamente belo sorriso.
E se por cada acorde que eu tocasse tu me desses um “amo-te” sincero e por cada nota que a minha guitarra soltasse eu fosse premiado com uma sílaba de afeto ou com um olhar de puro amor, todos os meus segundos ficariam presos em sustenidos e bemóis num espaço imenso entre Dó e Si. E se morresse num Sol, num Mi ou até num Lá, a minha guitarra não choraria a minha partida por saber que eu morreria feliz com aquelas cinco letras sussurradas ao meu ouvido… Amo-te…

sábado, 2 de julho de 2011

O meu quarto...


Olho o quarto com um sorriso de memórias e um olhar de mágoa pelo mofo das coisas e pelo tempo refletido na janela que outrora escondera o teu mundo do meu e o meu mundo do teu, e absorvo cada pedaço de madeira ora castanha ora azul, e confundo o branco da minha esperança com a cal das paredes esmurradas e pontapeadas com beijos e sorrisos, paixões e amores. E nesse momento as lágrimas traem-me os olhos e caem em direção ao tapete cheio de anos e pesado com o peso de um mundo e de outro mundo e ainda de outro mundo. E o brilho do meu olhar leva-me àquela mesinha de cabeceira de gavetas cheias meias (,) palavras e sentimentos ou preenchidas com a roupa que vestia o meu interior perdido em armários de puzzles que marcaram esse tempo em que tudo era perfeito, em que eu desconhecia o mundo e tudo era perfeito ou outras ainda repletas de passado de um universo que amei e idolatrei, com sentimentos e sorrisos, com alegrias e lágrimas. E paro, o meu olhar pára durante longos momentos sobre a camada de pó que cobre aquilo que fora o meu “bode expiatório”, o pó que não traduz as teclas gastas que fizeram de mim aquilo que hoje me gabo de ser, o pó que esconde os ídolos e mitos que criei e destruí em momentos de raiva loucura e prazer, o pó que mente sobre o amor que espalhei por uma página em branco numa invenção divina por mãos humanas e sorrio, saboreio a lágrima que me toca os lábios e sorrio porque relembro aquele que continua a ser o meu templo, o meu abrigo, o meu porto, o meu mundo… E hoje faço como ao longo de tantos anos fiz e puxei os lençóis e deitei-me na cama de riscas amarelas e azuis e olho a prenda que aquele Natal me trouxe, fecho os olhos e adormeço com o sorriso de quem está feliz por estar ali…